Mamona (Ricinus communis L.)

23/02/2013 22:43
Cultura - Mamoneira

  Aspectos Gerais:   
A mamoneira parece ter, na Etiópia (África), o seu centro de origem. No mundo sementes foram encontradas nas tumbas de antigos egípcios e hoje a planta parece ser importante para Israel (que lidera produção de sementes híbridas). Foi introduzida no Novo Mundo pelos escravos.

O Brasil já foi maior produtor mundial de mamona (573 mil toneladas em 1974) e maior exportador do seu óleo (há algumas décadas); em 1996 a produção nacional foi de 122 mil toneladas. No Nordeste semi-árido brasileiro concentra-se a produção nacional (80%). Na Bahia a cultura da mamoneira - ricinocultura - é importante para as regiões agrícolas de Irecê, Jacobina, Itaberaba, Senhor do Bonfim, Seabra, Brumado.

Usos da Mamoneira:
A cultura da mamoneira é de grande importância para a economia de semi-árido do Nordeste por ser resistente à seca, ser fixadora de mão-de-obra bem como geradora de emprego e de matéria prima.

Os restos culturais do mamoneira podem devolver ao solo 20t. de biomassa; as folhas podem servir de alimento para o bicho-da-seda. A haste (caule) pode fornecer celulose para fabricação de papel além de ser matéria-prima para a fabricação de tecidos grosseiros. Da semente extrai-se óleo - óleo de rícino tido como dos mais versáteis - que é produto renovável e barato tendo mais de 400 aplicações industriais. Resultante do esmagamento da semente a torta de mamona tem uso agrícola por certa riqueza em nitrogênio.

Botânica/Descrição/Cultivares:
A mamoneira é conhecida como Rícinus communis L. classe Dicotiledoneae família Euforbiaceae. Também é chamada carrapateira, baforeira e baga.

Segundo a cultivar a mamoneira pode ter de 1,8m. até acima de 5m. de altura bem como cor da folha e caule, tamanho da semente e conteúdo de óleo variáveis.

Possui raízes laterais e uma pivotante que vai a 1,5m. de profundidade, caule redondo, liso, esverdeado e coberta com cera, folhas verde- escuro, grandes, com 5 a 111 lóbulos, flores em panícula (cacho) terminal com flores masculinas (baixo) femininas e hermafroditas, com polen viável por 1 semana.

Fruto e capsula tricoca deiscente ou indeiscente, semente com cor e tamanho variados, com 40-49% de óleo que tem como componente maior o ácido ricinoleico.

As cultivares de mamoneira para o plantio são classificadas segundo seu porte e grau de deiscência (abertura) do fruto maduro à saber:

Quanto ao porte (altura da planta): Anão - porte até 1,8m.; médio - entre 1,8 e 2,5m; alto - entre 2,5 e 5,0m.; arbóreo - acima de 5,0m..

Quanto a deiscência do fruto: Deiscente - com abertura total: semideiscente - com abertura parcial; indeiscente - sem abertura do fruto.

No Nordeste tem-se usado as cultivares Canela de Juriti, Amarelo de Irecê e Sangue de Boi com boa produção. Resultados de pesquisa evidenciaram as cultivares Nordestina (BRS 149). Pernambucana, SIPEAL 28 e Baianita que se destacaram em produtividade, no semi-árido.

Quadro I - Características de algumas cultivares:

Cultivar Porte Rendimento %

Óleo

Peso 100

semen.tes

Nordestina

(BRS 149)

médio 1.500 kg/ha 48,9% 68g.
Pernambucana médio 1.300 Kg/ha 47,28% 68g.
Baianita médio 1.150 Kg/ha 47,49% 68g.
SIPEAL 28 médio 1.130 Kg/ha 47,47% 76g.

FONTE: Embrapa algodão C.T.25 / Folheto Embrapa EBDA BRS 149

OBS.: Todas as variedades são deiscentes.

Em termos gerais na escolha do cultivar para plantio - além da adaptabilidade à região - deve-se levar em consideração a produtividade, precocidade, deiscência do fruto uniformidade de maturação, porte, entre outras características.

A mamoneira é planta anual (ciclo 250 dias) a semiperene (5 anos)

Necessidades da planta:
Climáticas: A mamoneira é planta de clima tropical e subtropical, precisa de chuvas regulares no início do período e de período seco na maturação dos frutos. Não suporta geadas, ventos fortes freqüentes e nebulosidade.

Requer temperatura entre 20-26ºC, chuvas entre 600 e 700mm. anuais (mínimo de 400mm.), dias longos (com 12 horas de duração como mínimo) em altitude entre 300 e 1.500m.. Em clima temperado a planta se desenvolve mas tem a produção de óleo prejudicada.

De solos: A mamoneira não se adapta à solos de textura argilosa e de drenagem precária. Solos profundos de textura variável, com boa estrutura, boa drenagem, fertilidade média e pH 6,0 a 6,8 são ideais para o cultivo da mamoneira. O terreno deve ter topografia plana a suavemente ondulada, sem erosão.

Preparo do solo/Adubação de fundação:
Em solos arenosos ou franco-arenosos com pouca erva daninha, fazer gradagens (grade destorroadora); em solos de textura mediana (barrentos) proceder a uma aração a 20-30cm. de profundidade, (aração escarificador ou arado de aiveca) e uma gradagem e em solos argilosos uma aração e duas gradagens.

Exigente em nutrientes minerais a mamoneira é planta esgotante do solo; resultados de trabalhos de pesquisa em adubação indicam que 40-100 Kg/ha de nitrogênio (110-200 Kg de uréia), 40-60 Kg de fósforo/hectare (220-330 Kg de superfosfato simples) e 15-60 Kg/ha de potássio (25 a 100 Kg de cloreto de potássio) podem satisfazer as necessidades da mamoneira.

Todo superfosfato, todo cloreto e 1/3 de uréia devem ser colocados na cova/sulco, no plantio; 2/3 da uréia devem ser aplicados em cobertura, 40 dias após a emergência da planta, com leve incorporação.

Plantio:
Deverá ser feito no início da estação chuvosa após precipitação de pelo menos, 30mm.. Na Bahia planta-se mamona de abril a junho e de outubro a dezembro segundo a zona agrícola.

O plantio, semeio, pode ser manual ou mecanizado. O manual é feito deixando-se cair 3 ou mais sementes em covas a 5cm. (arenoso) e 3cm. (argiloso) de profundidade; segundo a porcentagem de germinação gasta-se de 5 a 15Kg. de sementes para se plantar um hectare (10.000Km2). O plantio mecanizado é utilizado para cultivares de mamona com sementes tamanho pequeno ou médio cujo espaçamento de plantio, entre plantas na fileira, é de 0,5 - 1,0m..

O sistema de cultivo pode ser mamona solteira (isolado) ou consórcio (mamona acompanhada). De ordinário a mamona é consorciada com feijão - faseolus, feijão vigna ou milho; arroz e amendoim podem ser consorciadas à mamona, também. Os espaçamentos de plantio recomendados são:

Quadro I - Espaçamento para sistema isolado:

Solos

Fileira simples (m)

Fileira dupla (m)

Baixa fertilidade 2,0 x 1,0 (1) (4,0 x 1,0) x 1,0 (1)
Média fertilidade 3,0 x 1,0 (1) (4,0 x 1,0) x 1,0 (1)
Alta fertilidade 4,0 x 1,0 (1) (5,0 x 2,0) x 1,0 (1)

(1) Planta/cova

Sistema em Consórcio

1 Com feijão faseolus:
1a Fileiras Simples:
1 Fileira de mamona (4m.x1m.-2 plantas/cova) + 3 a 4 fileiras de feijão (50cm.x20cm.).
1b Fileiras duplas:
1 Fileira dupla de mamona (4m.x2m.) x 0,5 + 3: fileiras de feijão (50cm.x20cm.).

2 Com feijão vigna ou milho:
2.1 Fileiras simples:
1 fileira de mamona (4m.x1m. - 2 plantas/cova) + 3 fileiras de vigna ou milho

OBS: O milho pode ser semeado trinta dias após a germinação da semente de mamona.

Vinte a trinta dias após a emergência, plantinha com 10-12cm. de altura, efetua-se o desbaste deixando-se 1 a 2 plantas/cova.

Tratos culturais:
A mamoneira é muito vulnerável à competição das ervas daninhas com redução do rendimento econômico. O período critico de competição mamoneira/daninhas está entre a 3ª e 10ª semana pós emergência; sugere-se manter a cultura livre de ervas até 60 dias após a emergência.

O controle das ervas daninhas pode ser feito por:

Método mecânico - com auxílio da enxada, cultivadores quando deve-se efetuar 3 a 4 limpas nos primeiros 60 dias (15 dias/homem/limpa), cultivadores a tração animal (áreas até 50ha) e cultivadores a tração tratorizada (áreas acima de 50ha).

Colheita/Beneficiamento:
Colheita: De uma maneira é feita quando dois terços dos frutos do cacho estiverem secos (aí pelos 3 meses). Para variedades deiscentes a colheita deve ser parcelada em 3 a 4 vezes, com colheita manual (Nordeste). Para variedades indeiscentes procede-se a uma colheita única, manual ou mecânica.

Beneficiamento: Colhidos, os frutos tem a sua secagem completada em terreiro; para retirar frutos dos cachos faz-se um penteamento (passar o cacho por pente rústico - pregos presos à uma ripa fixada em suporte) - Frutos são estendidos no terreiro, em camadas de 4 a 5cm., remexidas varias vezes por dia para secagem uniforme. A tarde devem ser enleirados e de manhã novamente es parramados.

Frutos nâo abertos na secagem (do terreiro) são trilhados - uso de varas flexíveis seguido de peneiramento - para eliminar-se a casca e obter-se semente limpa. Para tal também se usa despolpadoras motorizadas.

Em seguida sementes são acondicionadas em sacos de aniagem e a sacaria deve ser empilhada sobre estrados de madeira em armazéns limpos, secos e arejados.

Pragas:
Percevejo verde - Nezara viridula (L. 1785) Hemíptera, Pentatomidae.

Inseto verde escuro; formas jovens tem cor escura com manchas vermelhas. Adultos e jovens vivem em colônias sobre a planta sugando a seiva de folhas e frutos. O controle é feito pela pulverização da planta com caldas de produtos à base de endosulfan (70g. i. a./100l. de água).

Cigarrinhas - Agallia e Empoasca, Homoptera

Insetos pequenos, verdes e bastante ágeis, cujos jovens deslocam-se lateralmente. Sugam a seiva das folhas podendo fazê-las secar. Controla-se pelo uso da caldas contendo monocrotofos (60g. de i. a./ 100l. água).

Lagarta desfolhadora - Spodoptera latifasciata, Walk, 1856, Lepidoptera, Noctuidae.

As lagartas atingem 4cm. de comprimento, coloração parda e manchas pretas dorsais. Alimentam-se das folhas podendo causar desfolhamento total. Controla-se com Deltametrina (5g. i. a./100l. água).

Doenças:
Mofo cinzento: Agente fungo Botryotina rícino (Godf.)

Agente causa aparecimento de pequenas manchas de tonalidade azulada no caule, folhas e inflorescencias, as quais exsudam gotas de liquido amarelo.

Frutos e inflorescencias atacados podem apodrecer e tomar cor escura. Controla-se por: uso de variedades (cultivares) resistentes como Canela de Juriti, SIPEAL 28, outras.

Eliminação de restos de cultura e plantio longe de área contaminada.

Tratamento da semente (formol 40% - 1l. para240l. água com imersão da semente por 15 minutos).

Murcha-se Fusarium: Agente fungo Fusarium oxysporum f. rícino

Fungo habita o solo; plantas atacadas surgem em reboleira, as folhas perdem a turgescência e há aparecimento de áreas com contorno irregular com coloração amarela. Pode ocorrer necrose e queda da folha. O controle é feito pelo uso de cultivares resistentes e rotação de culturas.

Fonte: SEAGRI - BA

Mais Informações: EMBRAPA

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